Ele fica paralisado a ver como a consumiu, a ver como ela chora num chão de madeira tão podre como a alma dele. Embora ela o tenha ressuscitado do vício onde ele um dia caiu, o vício ganhou mais uma vez. E existem cadeiras a voar, gritos, discussões, choros de crianças e toda a gente sabe e ninguém faz nada. Ela pensa que ele faz isso por a amar tanto e é isso que ele alega, mas quando o punho dele se fecha (ao mesmo tempo dos olhos dela) ela sabe aquilo que lhe espera e quando o punho erra e acerta na parede ela suspira embora sabendo que aquilo ainda não acabou. Inflizmente a vida não é um videojogo onde temos vidas extras, onde temos tempo, onde erramos e repetimos. E ele pergunta "Onde vais?" e ela segue. Ele sabe que ela o vai deixar ou que acabará por voltar como tantas vezes já o fez. "Por favor volta atrás, não leves as tuas coisas.. Fica!" ele implora. E ela pensa sempre que não haverá próxima e ele promete-lhe sempre que amanhã será um novo dia. Mais uma vez nada é feito, mais uma vez dormem na mesma cama e esse dia acaba (mais uma vez) da mesma maneira como tantos outros..
E o amanhã, como será?
Texto: wisa
Imagem: www.google.pt